Reflexões sobre o exercício de recriação

sábado, junho 15, 2013

Sétima releitura, piloto de capa, revisão de boneco. A vida anda assim, dedicada aos detalhes, estimulada pelas sutilezas, com o desejo de que o romance literário de ficção, Sem Palavras, seja tudo o que ele pode ser. Para o encontro com o leitor, desejamos a melhor performance, a primeira impressão perfeita, condições ideais para a construção de uma relação sincera e respeitosa o bastante para a troca de experiências, o compartilhamento de sensações.

Pactuei comigo mesma que não vou mais ler Sem Palavras enquanto ele for inédito. Naturalmente, é minha a tomada final de decisões acerca desse texto que em todo o seu processo de concepção manifestou autonomia. Agora ele deseja transbordar e fluir, se entregando a um outro estado. Nas próximas semanas, a história romântica de Nega & Lilu ganhará a solidez do papel.

A última releitura foi divertida, serena, confiante. Para mim, a obra se mantém surpreendente, instigante e sedutora. Descobri novas motivações para ter orgulho deste livro, novas motivações para acreditar nela, porque estou novamente encantada por esta história de Amor.

Entre tantas coisas que impactam a gente numa última leitura, me ocorreu algo impensado, neste projeto tão marcado pelo planejamento de começo ao fim. Sabemos que o conto é escrito a partir da convivência das meninas e que a Nega escolhia o que achava mais relevante e costurava do jeito dela, mesmo que às vezes utilizasse, literalmente, textos de Lilu. Se hoje eu fosse reescrevê-lo, neste momento de minha vida, teríamos uma história mais perene, menos apegada, valorizante do entendimento de Lilu acerca do Amor.

No entanto, inegável é que esta "primeira versão" do conto teve algo que nenhuma outra pode ter: o modo de criação processual (work in progress), que a fortalece como obra de arte contemporânea. Porque não há mais o modo à deriva, não há mais o modo ao acaso... já sabemos como a história termina.

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